Restos de Colecção: Cinema Avis

10 de junho de 2014

Cinema Avis

“Trianon Palace” foi a primeira designação da sala de cinema da Avenida Duque de Ávila, nº 45, em Lisboa, mandado construir por Augusto de Ornelas Bruges, cujo público era composto maioritáriamente, pelos moradores das Avenidas Novas e dos Bairros de Dona Estefânia e do Arco do Cego, zonas, até então, muito desprovidas de salas de espectáculos.

O “Trianon Palace” apelidado da « mais elegante “boite” de Lisboa realizada por Raúl Lino», com capacidade para 538 espectadores, projectado pelo arquitecto Raúl Lino que tinha sido o responsável pelo Cinema-Teatro “Tivoli” inaugurado em 1924, foi inaugurado em 1 de Janeiro de 1930, com os filmes mudos “O Anel da Imperatriz”, e “Viva o Amor !! ”, acompanhados pela orquestra de Carlos de Sá.

“Trianon Palace”

31 de Dezembro de 1929

1929 Trianon (31-12) 

A propósito da inauguração desta nova sala de cinema o “Diário de Lisboa” escrevia:
«Inaugurou-se ontem o novo cinema Trianon Palace, na Avenida Duque de Avila, com reexibição do primeiro programa do Consortium Sociedade Geral de Filmes (Lisboa) - H. da Costa, (Paris), estreado no S. Luís na ultima semana, e que consta dos filmes "O Anel da Imperatriz" e Viva o Amor!".»

Depois de encerrado para renovação, em que foi contemplado com um novo balcão e dois grupos de frisas, e uma capacidade para 768 espectadores, reabre a 24  de Janeiro de 1931, com a nova denominação dePalácio” , estreando o filme sonoro de Michael Curtiz “A Arca de Noé”. Considerava-se «a sala mais bonita e mais bem aquecida de Lisboa». Passa a assumir uma programação clássica de reprise.

Cinema “Palácio

Sala do cinema “Palácio”

A sua inauguração sofreu alguns percalços, conforme a sequência de anúncios seguinte que testemunham. Talvez o título da película escolhida para a sua inauguração inicial - “A Prisão Ideal” -  tenha trazido mau presságio … A inauguração ficou mesmo “presa” por 17 dias.                 

Finalmente a 22 de Janeiro de 1931

Após ter sido trespassado à empresa “Soprocine - Sociedade Proprietária de Cinemas, Lda.”, o cinema “Palácio” , encerrou em 28 de Março de 1955, e foi alvo dum profundo projecto de alterações da autoria do arquitecto  Maurício de Vasconcelos, ficando a construção a cargo de Antero Ferreira, tendo reaberto em 29 de Novembro de 1956, sob a nova denominação: “AVIS”.

Último anúncio conjunto dos cinemas “Odéon” e “Palácio” no dia do encerramento deste último, 28 de Março de 1955

A propósito da inauguração o “Diário Ilustrado”, no seu primeiro número em 2 de Dezembro de 1956, escrevia:
«Com escolhida assistência, inaugurou-se na passada quinta-feira o novo cinema Avis, que deu lugar ao antigo Palácio. O público que conheceu a velha casa de espectáculos, julgava ir assistir a pequenos melhoramentos na sala e ao transpor as portas sofreu o choque agradável de encontrar um cinema absolutamente novo, diferente de tudo o que existia, baseado na arquitectura moderna.
Maurício de Vasconcelos na arquitectura e Antero Ferreira na construção foram artistas excelentes e assim Lisboa ficou com mais uma nova sala de ambiente agradável e óptimas condições para espectáculos de cinema.
O filme de abertura foi a comédia musical colorida "Fogo de Artifício", interpretada por Romy Schneider, que conquistou em absoluto o agrado de toda a assistência.»

“Diário de Lisboa” em 27 de Novembro de 1956                                      29 de Novembro de 1956

  

Filme “Operação Montegomery” estreado neste cinema em 29 de Abril de 1960

Após ter exibido filmes de «estreia» e enormes sucessos de bilheteira, caso do “Trinitá - O Cowboy Insolente”, estreado a 3 de Março de 1972 e que esteve em exibição até 22 de Março de 1973, e secundado pelos primeiros melodramas indianos chegados a Portugal após 1974, viria a encerrar definitivamente em 1988, sendo o seu edifício demolido e dando lugar a edifícios de habitação.

 

   

fotos in: Hemeroteca Digital, Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

1 comentário:

Fernando Alvega disse...

Outro dos cinemas da minha juventude.