Restos de Colecção: Dispensário de Alcântara

30 de abril de 2014

Dispensário de Alcântara

A Rainha D. Amélia, iniciando a sua obra anti-tuberculosa em Portugal, funda em 1893 o “Dispensário de Alcântara”,  ou “Dispensário Rainha Dona Amélia”, que será uma das suas obras mais queridas, que manterá com fundos pessoais e a quem dedicará muitas horas de dedicado voluntariado, interessando com o seu exemplo muitas das damas da corte.

                   

Como escrevi no artigo Instituto Nacional de Assistência aos Tuberculosos, em 1916 estimava-se que a tuberculose matasse 15 mil a 20 mil portugueses por ano, e no período de 1917 a 1922, entre 7 mil e 10 mil, por ano

Em 1934, o arquitecto Carlos Ramos vence o concurso público, lançado pela “Assistência Nacional aos Tuberculosos”, para a edificação de dispensários a construir em todas as sedes de distrito e de concelho, equacionando uma solução aplicável a circunstâncias regionais diversas e estabelecida a partir de critérios comuns de economia, rapidez e funcionalidade.

Interior do “Dispensário de Alcântara” em 15 de Maio de 1950

 

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Quando a Rainha Dona Amélia visitou Portugal em 1945, insistiu em deslocar-se ao seu muito querido Dispensário de Alcântara, onde a rodearam dezenas de crianças, assistidas na mesma instituição que ela fundara havia mais de meio século.

Visita da Rainha Dona Amélia ao “Dispensário de Alcântara” em 1908

Visita da Rainha Dona Amélia a uma creche junto ao “Dispensário de Alcântara”, em 1945

E finalmente em 7 de Novembro de 1945, é publicado o Decreto-Lei n.º 35:108 através do qual é criado o Instituto Nacional de Assistência aos Tuberculosos, que absorveu a “Assistência Nacional aos Tuberculosos” criada pela Rainha D. Amélia.

                              1928                                                    1933                                                    1951

         

1945

Em 2006 o edifício principal do “Dispensário de Alcântara” encontrava-se devoluto, mantendo-se as Irmãs Missionárias no edifício anexo, localizado no limite oeste da propriedade. Esta congregação religiosa, que durante décadas desenvolveu actividade educativa e assistencial no dispensário, continuava a prestar cuidados nesta última área, funcionando na propriedade do antigo dispensário um "Banco alimentar", garantindo assim distribuição de alimentos à população carenciada da zona de Alcântara. Em 2010 estava já vazio e devoluto, com um letreiro “Vende-se” …

 

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Biblioteca Nacional de Portugal, SIPA

5 comentários:

jmsc disse...

Por volta de 1960, não posso precisar o ano, lembro-me de ir ao dispensário da Pampulha, na tenente Valadim, às consultas de dentista e, ocasionalmente, à enfermagem. Não costumávamos utilizar o termo sanatório porque a tuberculose era ainda, nesses anos, muito presente...

José Leite disse...

Caro JMSC

Grato pela informação adicional

Cumprimentos

José Leite

Flor disse...

E este lindo edificio continua à venda??

Eu tenho ideia também que era ali que eram levadas as prostitutas das casas de passe, por exemplo o "18" da Rua Gilberto Rola, para fazerem check-up para despistar alguma doença que poderia afectar a saúde pública. Isto nos anos cinquenta.
Obrigada pelas informações no seu interessante blog.

Cumprimentos.

José Leite disse...

D. Maria Isabel

Muito agradecido pelo seu comentário e informação adicional

Cumprimentos

José Leite

Joana Oliveira disse...

A fotografia de 1908 refere-se à visita da Rainha D. Amélia ao Dispensário com o seu nome, mas no Porto (R. de Saraiva de Carvalho, 130), atual USF Rainha D. Amélia. No Arquivo Municipal de Lisboa a identificação da fotografia está errada.